"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

"…E a Senhora pare de dar essas porcarias fritas pro rapaz!"

"Ele passa mal e sou eu quem tem que fazer o chá de marcela!"

Ainda no tempo em que a Planet House se chamava Exacta e fixava residência em outro endereço, uma senhora bonachona e bem humorada era vizinha da agência. Ela andava maquiada, sempre com os lábios pintados de vermelho sangue. Era a Dona Elsa. Exímia "fazedora" de deliciosos (e gordurosos) bolinhos de chuva, vizinha querida de todos, quase como que uma "avó adotada" pela equipe toda, a não ser pela "Dona Hilda". A Dona Hilda era a faz tudo da agência. Magra, brava, baixinha e puxa-saco do Waner. A única que (dizia que) não gostava dos bolinhos da Dona Elsa.

- "Hildaaa! Estão prontos os bolinhos de chuva. Vem buscar pra dar pra gurizada! Recém-feitos!", gritava a Dona Elsa pendurada no muro ao lado.

E era um pratão de bolinho de chuva, do qual só o Flávio "papava" uns oito, um atrás do outro, quentinho, quentinho. Depois da fúria gastronômica, era sempre a mesma choradeira:

- "Dio! Não tô me sentindo bem! Acho que comi demais", choramingava o Flávio pros lados da Hilda.
- "Hildaaa! Me faz um chá de marcela que eu tô mal", pedia o Flávio.
- "Tu tá amarelo guri! Andou comendo aquelas porcarias cheias de gordura de novo???"
"Ahh, um ou dois bolinhos da Dona Elsa", respondia ele na maior cara de pau. 

Depois dessa função de fazer chá pro Flávio ter se repetido por várias e várias vezes, a "Dona Hilda" pegou a "Dona Elsa".

- "Preciso falar com a senhora" , falou a Hilda irritada, segurando a vassoura como se fosse a espada Excalibur.
- "Siiim Hilda querrrida. Você quer mais bolinhos?", perguntou a Dona Elsa toda prestativa.
- "Oquêêê! Essas porcarias! A senhora pare de dar essas porcarias fritas pro rapaz! Ele come até não poder mais e depois quem paga o pato sou eu! Tenho que largar o meu trabalho, sair correndo e fazer uma chaleirada de chá de marcela."
- "Mas ele gosta tanto dos meus bolinhos. O que eu faço agora com esse prato?". perguntou a vizinha, mostrando um pratão cheio de bolinhos de chuva, recém feitos, exalando um aroma maravilhoso. Por alguns segundos a Hilda titubeou, lambeu os lábios e engoliu seco. Mas logo voltou ao ataque:
- "A sra. sabe onde deve enfiar esses bolinhos?", falou a baixinha, enfezada como uma jararaca atiçada.
- "Aonde bela?"
- "Nem vou falar, nem vou falar…" , e voltou pra dentro da agência brandindo a vassoura. 

Obviamente, depois dessa bronca, a Dona Elsa cortou os quitutes pro pessoal da agência. E o Flávio ficou imensamente triste, mas pelo menos não passou mais mal.

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