"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

"Índio anda de ônibus! E vê se eu tenho cara de índio!"

O meu cachê, é três vezes maior que o de todos vocês juntos, porque eu sou o ator principal!

"Índio anda de ônibus! E vê se eu tenho cara de índio!"

Outro comentário infeliz na gravação do clipe "Corredeiras".

Ao terminar o clipe "Corredeiras" da Unimed, todos os "índios" e a equipe técnica voltaram no ônibus, juntamente com todos os apetrechos e traquitanas utilizadas na gravação. O "ator principal", que até o momento achava que iria confortavelmente de carro com o Waner Biazus e o Paquito Herrera, não parava de incomodar os índios figurantes:

- "Índio anda de ônibus! E vê se eu tenho cara de índio! Quá, quá, quá..."
- "Se tu é homem, vem aqui com nóis cara!", gritou um dos índios figurantes.
- "Eu sou o ator principal. Eu volto de carro com ar condicionado", gabou-se o "ator principal".

O Waner, já irritado com a chatice do cara, chamou o Paquito:

- "Paquito, enche o carro com entulho pra gente dizer que não tem lugar. Aí ele vai ter que voltar de ônibus."
- "Boa ideia! Vou encher o meu e o da Nika", afirmou o Paquito, não querendo dar a menor chance pro chato.

Então, encheram os dois carros com isopor, material da produção, papel, o restante do cenário, pasto, folhas e até pedras de rio.  Enquanto isso, o "ator" continuava enchendo o saco dos índios.

- "O meu cachê é três vezes maior que o de todos vocês juntos, porque eu sou o ator principal! Vocês são só figuração! Rá, rá, rá..."

Na hora de ir embora, ele veio na direção do carro, e não vendo lugar vago perguntou pro Paquito:

- "Tá, onde eu sento?"
- "Como assim? Tu vai de ônibus. Não tem espaço, o carro tá entupido!", respondeu o Paquito.

O cara ficou louco. Começou a bater o desespero. Como última tentativa, foi tentar descolar uma carona com a Nika. Chegou até a oferecer dinheiro pro maquiador, que por causa da idade (68) ia com a Nika.

Não deu outra. Ele foi obrigado a entrar no ônibus. Os índios fizeram a festa. Aplaudiram, gritaram e assoviaram. O ônibus sacudia de todos os lados. Foi a vez deles encherem o saco do "Harrison Ford" de mentirinha, de tal maneira que ele até deve ter cogitado a possibilidade de voltar a pé. 

O Waner e o Paquito aproveitaram então para tirar as tralhas do carro e recolocar tudo de volta no bagageiro do ônibus. Era um passeio danado de volta a Caxias, uns 40 quilômetros. O ônibus foi na frente. Uns 15 Km adiante, o carro do Paquito emparelhou. Deu pra ver os índios transbordando alegria, sorrisos de orelha a orelha, e o ator sentadinho na janela, emburrado e triste. Quando ele viu o carro vazio, levantou "p… da vida" e obrigou o motorista a parar. Desceu ligeiro com a mochila, mas nem teve tempo. O Waner e o Paquito aceleraram e deixaram o cara comendo poeira.

Ao "ator" metido só restou voltar a Caxias de ônibus mesmo, e amargar mais algumas horas de deboche e alegria alheia. Estávamos todos "vingados."

Clique aqui e leia a outra história com o mesmo protagonista "Eu tô com botinas de sola grossa..."

Clique aqui e veja o clipe final

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