"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

"Má nó! El manarín del pôro nóno!

"La se spaca fora trapél!"

"Ma Dio! El manarin del pôro nóno!", disse, com forte sotaque vêneto, o assustado agricultor.

A equipe da Exacta (Planet House), juntamente com o fotógrafo Clóvis Dariano, estava fazendo uma produção de fotos para o Catálogo de Inverno para uma grande empresa de confecções.

De caravana, foram pro interior de Caxias do Sul, lá prós lados da Linha 30, onde iriam usar, como cenário, uma residência antiga, dos primórdios da colonização italiana. O pessoal que morava lá, netos "cinquentões" de imigrantes italianos, começou a mostrar a casa: o porão antigo, as pipas, e mais uma série de antiguidades (trazidas da Itália), com o maior orgulho.

Num dado momento, um dos netos, que só se comunicava no dialeto vêneto, mostrou pro Waner Biazus uma machadinha com a qual o avô dele fazia rodas de carroça. Era praticamente uma relíquia beirando os 100 anos de idade.

Quando o Waner viu a tal machadinha, ficou deslumbrado. Toda curvilínea, pesada, com um cabo comprido e um "design" que lembrava muito uma machadinha Viking.

- "La ghá pí de cento ani! L'ra del pôro nóno! (Tem mais de 100 anos. Pertencia ao meu avô), falou orgulhoso o neto.

O Waner então, olhou pra cara, de "deitado-filho-da-mãe", do Dariano, e apontou com a cabeça um coqueiro a uns 5 metros de distância.

- "Duvido!", falou o Dariano, já aprontando a câmera.

O Waner lançou a pesada machadinha, que girou várias vezes no ar e cravou no coqueiro, mais ou menos uns 10 centímetros caule a dentro.

O dono da machadinha entrou em pânico:

- "Má nó! El manarín del pôro nóno! BASTARDO! (Oh não! A machadinha do meu pobre avô! DESGRAÇADO!)
- Te si mato tosato! (Tu é louco rapaz!)
- La se spaca fora trapél! (Ela vai se quebrar seu trapalhão!)

Depois de todas essas frases de pavor, ele saiu correndo e se agarrou na machadinha. Então, começou a falar sem parar.

- "Ma Dio! El manarin del pôro nóno… El manarin del pôro nóno!" (Mas Deus! A machadinha do pobre vovô!)

O Waner e o Dariano foram feito raio ajudar a tirar a machadinha da árvore (o que não foi nada fácil). Ao entregarem o "objeto sagrado" ao gringo, ele "limpou" a lâmina, passando-a na calça e na camisa encardidas. Ficou uns 10 minutos examinando a dita cuja, para ter certeza de que não estava quebrada.

Depois de várias "regadas" ao Waner, inclusive da Danir, só restou a ele pedir desculpas pelo impulso aventureiro, que quase custou a integridade da machadinha centenária. Depois de tudo acertado, o pessoal caiu na gargalhada e se jogou na mesa farta de pão, queijo, salame e vinho, cercados de modelos bonitas.

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