"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

"Não pinto, não quero pintar e pronto!"

"Me dá 50! Senão largo tudo como tá, e vou embora!"

"Esses 'Caxia' inventam e sobra pro paiasso aqui!"

Era o "Barba", p… da vida, porque tinha que pintar o fundo infinito… 

A equipe da Exacta (Planet House) estava no estúdio dos Irmãos Majola (vulgo Irmãos Metralha, conforme outra história) fotografando para a outra empresa de móveis de Bento Gonçalves - RS. Era necessário pintar um fundo infinito cinza para o trabalho.

- "Majola! E daí como fica o fundo?", perguntou o Waner.
- "A gente pinta! Não tem problema! O Barba pinta. Chama o Barba aí!!", chamou ele. 

O Barba era um gringão forte, funcionário do Majola, de olhos arregalados, barbudo, cara de louco (tipo Rasputin) e sempre mal humorado. Uma figura!

Assim que o Majola chamou por ele, entrou todo irritado. Quando o Waner disse "Oi Barba!" ele simplesmente respondeu: "Não tenho tempo!"

- "Barba, tu te entende com o Biazus", disse o Majola, caindo fora e deixando a bronca pro Waner.
- "Barba! Você tem que pintar o fundo infinito na cor cinza. Um cinza clarinho, nos dois estúdios!", explicou o Waner.
- "Não pinto e não pinto!", esbravejou ele.
- "Pô Barba! Mas por que não?", perguntou o Waner, já sabendo que não seria fácil.
- "Não pinto, não quero pintar e pronto! E o meu expediente termina às 5 da tarde! Não pinto e fim!" (já eram 16h45) 

Aquela teimosia toda não era brincadeira. O cara estava irredutível. Então o Majola (que era o único que controlava a fera) foi chamado.

Ele ficou conversando num cantinho com o Barba. Da conversa só se ouvia um "Só se ele me pagar" – vindo do Barba.

Depois de muita conversa e uma "paciência de Jó", o Majola conseguiu convencê-lo.

Ele começou a pintura, reclamando alto.

- "Esses 'porco dio desses Caxia'. Inventam e sempre sobra pro 'paiasso' aqui. Eu vou é pintar meu nariz de vermelho, porque 'paiasso' eu já sou.

E ia pintando o fundo infinito a 'la loca', p... da cara, bravo. E o expediente, segundo ele, já tinha terminado.

- "Barba?", chamou o Waner.
- "Quêêê?", resmungou ele, sem nem olhar pra cara do Biazus.
- "Tem 20 'pila' se pintar bem esse fundo".
- "Me dá 50! Senão largo tudo como tá e vou embora!"
- "50 não! Tenho 30!"
- "Vou te fazer 40. Mas tem que me pagar agora!"
- "Só tenho 35 aqui, Barba!", negociou o Waner.
- "Tá! Por essa vez passa! Põe aqui no meu bolso que tô com a mão suja de tinta", concordou o Barba, não demonstrando, mas feliz da vida. 

O Waner então, enfiou os 'pilas' no bolso dele.

Depois de pago, o Barba era outro. Parecia estar pintando uma obra de arte. Fazia o trabalho maravilhosamente bem.

Na semana seguinte, o Majola veio alertar o Waner:

-"Tu acostumou mal esse cara. Agora toda vez que tem que pintar o fundo, ele quer me cobrar!"

E o Barba era funcionário do Majola! 

Essa história é em homenagem à memória do Barba, falecido há pouco tempo, que agora deve estar pelo céu, pintando e negociando com São Pedro e os outros santos.

Clique aqui e leia a História dos "Irmãos Metralha"

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