"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

O Tresoitão!

Cuidadosamente, levantou o guarda-pó e mostrou um "Trêsoitão" (38), carregado até a boca.

O ajudante levantou a camisa, mostrou um "38" carregado até a boca, enfiado por dentro da calça e disse: "O Sr. não quer comprar?"

A equipe da Exacta (Planet House) estava fazendo uma produção de fotos para um catálogo de empresa de móveis, no estúdio do irmãos Majola (vulgo "Irmãos Metralha", conforme a outra história). Enquanto a equipe da agência montava o cenário, três funcionários da empresa de móveis, descarregavam e montavam os móveis que seriam fotografados. O pessoal passou o dia num monta-desmonta, já que eram 3 cenários ao todo. Para passar o tempo, o Waner Biazus ia trabalhando e conversando com o "Majola Titular".

- "Por que tu não vem atirar tuas flechas aqui no 'Caça e Pesca' (clube de tiro de Bento Gonçalves)?", perguntou o Majola.
- "Eu treino muito lá e seria legal se tu viesse com teu arco, pra ver quem tem mais pontaria!", completou animado.

Um dos montadores da empresa de móveis estava só de butuca na conversa da dupla. Finalmente o cenário ficou pronto, e o Waner, no meio de tudo, finalizava a iluminação. O tal cara veio chegando de mansinho, até ficar bem do lado do Waner.

- "Baaaah tchê! Eu ouvi o senhor falando de alvos e tiros. O senhor lida com armas?", perguntou ele na maior intimidade.
- "Éeeee, mais ou menos. Eu pratico arco e flecha", respondeu o Waner, pego de surpresa.
- "Mas o senhor gosta de armas, não gosta?"
- "Sim, eu gosto. Mas por que tu tá me perguntando isso?"

 Ele olhou ao redor, com os olhos arregalados de tanta desconfiança. Cuidadosamente, levantou o guarda-pó e mostrou um "Trêsoitão" (38), carregado até a boca, enfiado por dentro da calça.

"O senhor não quer comprar não?", ofereceu ele.
- "Mas cara!! Tu tá trabalhando armado???", perguntou o Waner apavorado.
- "Sim, eu tô! Mas não tem 'pobrema', sei lidar com arma".
- "Mas por que tu tá armado, cara?
- "Nããã, o senhor não se preocupe. Eu moro num bairro 'meio boca braba', sou jurado de morte de um cara que deu 4 tiros no amigo do primo do cunhado da minha irmã. Aí eu pulei pra cima dele com a 'bicuda' (faca) e ele fugiu. Aí ele voltou com os irmãos e encheram a minha casa de bala e me juraram de morte. Por isso que eu ando armado e sou muito bom no tiro. Eles até me matam, mas mato uns 3 ou 4 antes", falou o cara, na maior adrenalina.
- "Mas por que tu que vender a arma, então?", perguntou o Waner, já bem curioso a essas alturas.
- "O nosso 'trabaio' vai até sexta-feira (e era uma terça). Na quinta de noite, vou, mato eles e depois vendo a arma pro senhor. Sem pobremas", respondeu o cara na maior malandragem.

 Ah vá!! O Waner obviamente não comprou arma nenhuma. Mas tratou o cara muitíssimo bem até o final do trabalho.

Em tempo: Não ficamos sabendo se houve ou não o "bangue bangue" no tal bairro e nem se o cara conseguiu vender o "Trêsoitão".

Clique aqui e leia a História dos "Irmãos Metralha"

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