"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

O ultraleve perdeu altura e ficou a 8 metros do solo.

O piloto e o fotógrafo voltaram "pela estrada" (uns 8 metros acima dela)…

"Pequena-falha-técnica-na-agulha-da-bomba-de-injeção-do-combustível"

A equipe da Exacta (Planet House), juntamente com o fotógrafo Carlos Silva (o "Pé-de-Fogão"), estava trabalhando em um perfil institucional para uma empresa do setor textil. O trabalho iria englobar as unidades fabris da empresa, inclusive a de São Sebastião do Caí, RS (distante 30 km de Caxias do Sul), onde a única maneira de fotografá-la, por inteiro, seria através de uma foto aérea. O diretor liberou a empreitada, porém ressaltou que tinha que ser algo bem mais econômico do que o "fiasco dos vôos rasantes" (ver história do cinegrafista que enjoava).

Então, contrataram um ultraleve que, além de barato, poderia dar rasantes "y otras cositas más". A comunicação dentro do "aviãozinho" era precária, somente através de sinais entre o Carlos e o piloto. E lá foram eles. Chegando em São Sebastião do Caí, o ultraleve ia de um lado pro outro, pra cima e pra baixo, sem passar de uns 10, 12 metros do chão, enquanto o "Pé-de-Fogão" registrava os melhores ângulos. Eles passaram a manhã inteira fotografando. Foram a atração da fábrica, já que na época não era comum ver ultraleves pelos ares (inclusive isso foi mais um motivo pro Waner levar outra bronca do diretor da empresa, afinal de contas, segundo o ele, estavam "tirando a concentração dos funcionários").

Depois de rasantes e mais rasantes de todos os pontos cardeais, começaram a se preparar para voltar. O piloto fez um sinal que ia subir, passar por cima dos morros e atalhar. O "Pé-de-Fogão" só concordou. Então, o piloto começou a (tentar) subir. Mal e mal subiu à copa das árvores. Tentou uma, tentou duas, tentou dez vezes. Aí fez o característico sinal com o polegar pra baixo, que gelou o "Pé-de-Fogão". O avião não subia mais de jeito nenhum. Tinham duas alternativas: aterrissar no campinho de futebol da empresa ou na copa das árvores.

Quando o piloto baixou para aterrissar no campinho de futebol, o ultraleve respondeu aos comandos. O piloto abriu um sorrisão e fez sinal de positivo. Aí, eles começaram a subir mais uma vez. Foram subindo, subindo. Em cima do primeiro morro, o ultraleve "tossiu" uma, duas, três vezes. O "Pé-de-Fogão" amarelou de vez e quase deixou a câmera cair, de tanto nervoso. O piloto fez sinal de que iam aterrissar, já que o aviãozinho perdia altura. Mas o campo de futebol sumira. Só tinha mato no campo de visão. O "Pé-de-Fogão", à beira de um ataque de nervos, começou a rezar baixinho. O ultraleve foi baixando, baixando, só encontrando aquele monte de mato. Aí o piloto fez sinal que iriam pra direita e o ultraleve veio deitando e quase tocando a copa das árvores. A ideia do piloto era de achar a rodovia e aterrissar nela. O problema era o movimento intenso. Caminhões, carros, ônibus. Onde é que eles iriam aterrissar?? O ultraleve "tossiu" engasgado de novo. Naquela rodovia lotada eles não tinha mesmo como parar. O piloto fez sinal de que iriam voltar pra Caxias, sobrevoando "por cima da estrada" mesmo, até porque o ultraleve já estava respondendo, mas não iriam arriscar sobrevoar todo aquele mato. E se o motor falhasse de novo? E se caíssem? Quem iria encontrá-los? Por via das dúvidas, vieram até o aeroporto de Caxias, pela rodovia, voando uns 8 a 10 metros por cima daquele movimento todo. Os carros paravam, olhavam. Era um show gratuito do "carro voador". Se fosse hoje, já teria um vídeo postado no Facebook e YouTube.

Finalmente, os dois aterrissaram no aeroporto. Com os pés em "terra bem firme", o "Pé", se benzeu até dar cãimbras no braço e jurou nunca mais encarar uma "roubada" dessas.

O piloto, todo prestativo, descobriu que tudo fora causado por uma "pequena-falha-técnica-na-agulha-da-bomba-de-injeção-do-combustível". Ia consertar logo. Se ofereceu para marcar uma nova "avoada".

"A Exacta que se f… Nem por toda a grana do mundo entro em outra dessas. Nunca mais!!, finalizou o "Pé-de-Fogão", mais trêmulo do que alcoólatra em jejum da "marvada".

Clique aqui e leia a história dos "vôos razantes"

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