As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.
Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus
"Câmera! Ação! Lá vai bombas!"
"Essa cena tá muito realista! Cara, fique firme!"
…E as bombinhas explodiam rente ao rosto dele…
No clipe do Guerilheiro da RBS TV Caxias, criado pela Exacta (Planet House), o ator passava correndo, "abaixo de balas", e se abrigava numa casinha de tijolos toda demolida. A equipe, na época, não tinha financeiramente como fazer efeitos especiais. A RBS adorou a ideia mas tinha que ser feita com "custo zero". A arma (um fuzil AK-47) foi esculpida em madeira pelo Valter Frasson (escultor amigo do Waner Biazus) e depois pintada. A réplica ficou muito idêntica a um AK- 47 original! O "figurino" era uma calça camuflada, coturnos, cinto de carregar balas, placas de identificação, tudo emprestado de amigos e conhecidos. Com esses recursos era preciso fazer um épico! O ator, estudante de medicina boa pinta, deu as dicas de ataduras e ferimentos, tudo por um cachê bem merreca. A casinha de tijolos da locação já estava bem destruída, e o dono permitiu até derrubá-la se quisessem.
- "Tá Biazus! O cenário tá legal. E os tiros??", perguntou alguém da equipe.
- "Deixa comigo. Já tenho tudo planejado", tranquilizou o Waner.
Aí, o Waner Biazus abriu um saquinho cheio de "bombinhas de São João". Tinha umas 50 daquelas mais grossas.
Então, foi preparado o trajeto para o ator correr e ele foi devidamente instruído. As bombinhas eram enterradas com o pavio pra cima, cobertas com pó de cimento, folhas e entulhos.
A equipe dos "efeitos especiais" era formada por três caras da TV, cada um com um cigarro aceso na mão.
- "Câmera! Ação! Lá vai bombas!", gritava o Waner.
No "Lá vai Bombas", eles acendiam as bombinhas com os cigarros e saiam correndo para fora do ângulo da câmera. O ator entrava no cenário e as bombas estouravam. Foram várias cenas. Um tal de "Mariozinho", um dos caras dos "efeitos especiais", tinha o pé machucado. Ele era o primeiro a acender as bombinhas, porque corria menos pra sair do cenário. Umas estouravam, outras não. Na hora que o ator entrava na casa, os tiros (bombinhas) estouravam rente ao rosto dele. Tinha bombinhas na janela, no chão. A "turma do cigarro" acendia as bombinhas e quando começava a fumaça e o "tchhh" do pavio, o guerrilheiro entrava em cena. Aquilo tudo estourava muito perto dele, espalhando estilhaços para todo o lado.
- "São muitas! Tô com os olhos cheios de poeira e com zumbido no ouvido", reclamava o ator.
- "Fica firme que a cena tá muito realista! Parece cena de guerra", acalmava o Waner.
Esse "tiroteio" todo durou cerca de 2 horas. O cara ficou cheio de poeira, com o ouvido zunindo e até um pouco machucado, mas valeu!
Esse foi um dos nossos clipes mais lembrados. A RBS TV veiculou, como mensagem de Natal, em todo o estado, assinado pelo antigo Banco Meridional.
Sem dúvida, um dos melhores trabalhos que a agência já fez, ao longo desses anos todos, no mercado da propaganda. O tema desse clipe, ainda hoje é muito atual.
Clique aqui e confira o trabalho final.
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